Com 57 quilômetros de extensão, a Rota dos Santuários oferece uma experiência de fé e contato com a natureza. O percurso começa aos pés da imagem de Santo Antônio de Pádua, em Santo Antônio do Sudoeste, passa por Pranchita e Ampére e termina no Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Santa Isabel do Oeste, permitindo que cada peregrino caminhe em busca de reflexão pessoal e renovação espiritual.
A Rota dos Santuários nasceu em 2020 e foi lançada oficialmente em 17 de novembro de 2024. Seu idealizador, Fernando Guterres do Carmo, diz que a proposta é fazer com que o peregrino aprofunde sua fé a cada passo dado na estrada. “Queremos que eles visitem o ‘templo santo’ dentro de si, seu coração e sua consciência. Cada curva da estrada, cada momento de oração e cada encontro com moradores favorece a reflexão e o encontro pessoal”.
O percurso prioriza estradas vicinais e caminhos rurais que atravessam os municípios pelo interior. Quem já realizou essa jornada aconselha aos novos peregrinos a estarem preparados para a dificuldade do terreno, um caminho em que a maior parte do traçado é composta por estrada de chão e calçamentos de pedras irregulares. Somente alguns poucos trechos, nas cidades e em algumas comunidades, são asfaltados.
A rota pode ser feita em até dois dias, com 30 quilômetros no primeiro dia e 27 no segundo, a depender do ritmo da caminhada de cada peregrino. Uma pousada localizada no km 30, parceira da rota, oferece estrutura de descanso, jantar e café da manhã para quem optar por pernoitar.
E é recomendado pernoitar, explica Fernando, pois a rota prioriza tanto a segurança dos caminhantes quanto a boa convivência com os moradores das comunidades por onde o caminho passa. “A Rota exige que o peregrino caminhe apenas em período diurno, uma vez que passa por locais isolados. À noite, além dos perigos naturais, alguém andando ocasionaria atrapalho aos moradores.”
A Rota dos Santuários também conta com o apoio de clubes de mães dos municípios, que ajudam na ornamentação do caminho com placas motivacionais, e a construção espontânea de oratórios e capelinhas.
Certificado de Peregrinação da Rota dos Santuários
Para percorrer a rota de modo oficial, é necessário que o peregrino faça sua inscrição e assine um termo de responsabilidade para receber a credencial. Neste primeiro ano, não há custos de inscrição.
Ao longo do caminho, os viajantes recebem carimbos nos pontos de apoio, que comprovam a conclusão da caminhada e garantem o certificado ao final do percurso.
“No ato de inscrição, os peregrinos recebem ainda alguns ‘mimos’, que levarão como lembrança e auxílio na jornada. Os pontos de apoio estão situados às margens da Rota, na casa dos moradores voluntários e em alguns pontos comerciais. O carimbo também é gratuito. Eles comprovam que o peregrino realmente cumpriu seu objetivo e servem para que, no Santuário Diocesano, a secretaria possa entregar o Certificado de Peregrinação da Rota dos Santuários”, explica Fernando.
Turismo busca consolidar Rota dos Santuários como referência regional
O percurso tem atraído peregrinos de diferentes cidades do Paraná e de outros estados. Segundo Andreia Bonan, secretária de Turismo de Santo Antônio do Sudoeste, a presença dos visitantes também movimenta a economia local. “Cada peregrino consome serviços como hospedagem, alimentação, transporte e produtos locais. Isso fortalece pequenos negócios e gera renda para comunidades rurais, onde os pontos de apoio oferecem acolhimento e gastronomia típica.”
Os empreendedores da região têm se adaptado ao perfil do peregrino, investindo em estrutura e serviços específicos, como refeições leves, kits de lanche, espaços de descanso e informações turísticas. A proximidade com a Argentina também é outro ponto relevante. “É um município de fronteira, o que permite ao visitante vivenciar duas culturas – brasileira e argentina – em um só destino”, diz Andreia.
Desde a abertura, a Rota recebe mensalmente visitantes, na maioria de outras regiões e estados. “A maioria vem de longe. Já recebemos peregrinos de Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá, Dionísio Cerqueira e outros aqui do Sudoeste. Mas também recebemos visitantes de São Paulo e Belém”, relata Fernando Guterres do Carmo.
A mantenedora da Rota é a Associação dos Peregrinos da Fronteira, entidade sem fins lucrativos criada para dar manutenção e apoio à Rota e aos visitantes. Fernando acrescenta que os principais parceiros são os proprietários dos pontos de apoio às margens do caminho e as secretarias de Turismo de Santo Antônio do Sudoeste e de Ampére.
Andreia ressalta que o objetivo do Turismo de Santo Antônio é consolidar a Rota dos Santuários como um ponto turístico estruturado, com sinalização, parcerias com moradores e empreendedores, e divulgação regional e estadual.
Jornal de Beltrão