Ainda segundo o MP, o réu estava sob efeito de álcool, teria participado de um racha e assumiu o risco de causar a morte de seus passageiros — Moacir Augusto de Freitas, Valeska de Chagas e Wellinton Alcantara — e de pessoas que passavam pelo local.
Ao perder o controle da direção, o carro atingiu um GM/Corsa estacionado no acostamento e capotou. Moacir foi arremessado para fora do veículo e morreu no local com esmagamento craniofacial, conforme laudo de necropsia. Valeska e Wellinton ficaram feridos, mas sobreviveram graças ao socorro rápido.
A denúncia aponta que o crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, devido à alta velocidade, e por meio que poderia causar perigo comum, já que havia outras pessoas próximas ao local no momento do acidente.
O MP também acusa Junior de fugir do local para evitar responsabilização penal e civil, conduta tipificada no artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro.
Acusação quer condenação por homicídio com dolo eventual
O advogado Gilberto Carlos Richthcik, assistente de acusação, classificou o caso como grave. Segundo ele, o réu deu carona para a namorada e o primo dela, quando iniciou um racha com uma moto de seu amigo no prolongamento da Avenida Júlio Assis. “Quando chegaram próximo ao Pátio Barley e à sede da Cresol, a moto reduziu a velocidade e ele não conseguiu parar, capotou o carro, jogou o passageiro para fora — o qual teve esmagamento craniano — e deixou a caroneira com sequelas definitivas, que limitam sua mobilidade e causaram problemas psicológicos pelos traumas.” Segundo o advogado, o acusado fugiu no dia, sendo preso dias depois e colocado em liberdade. Gilberto salienta que a defesa da família quer que ele seja condenado por homicídio com dolo eventual, pois assumiu o risco de causar a morte — “seja porque retirou o veículo sabendo dos defeitos nos freios, seja porque estava embriagado e sob efeito de entorpecente, seja porque, além disso, aceitou fazer um racha em local movimentado e com dezenas de pessoas”. Ainda conforme o processo, a família apresentou vídeos e depoimentos que indicariam ameaças do acusado à ex-namorada, fato que motivou nova decretação de prisão.
Um grupo de familiares e amigo colou fotos e cartazes em vários pontos da cidade para sensibilizar a comunidade. Bruna Andressa de Freitas, uma das irmãs de Moacir, conversou ontem com a reportagem e desabafou sobre a dor da família.
“Já vão fazer quase dois anos que o Moa faleceu, mas ainda parece mentira, que ele vai chegar em casa com aquele jeito carinhoso dele. Dói demais pensar que ele não volta, porque ele era uma pessoa muito boa, não tinha briga com ninguém, todo mundo queria ele bem. Ele não era de ficar saindo, gostava de jogar bola com os amigos e sempre estava com a família. A gente começa a ficar mal só de lembrar, não consegue trabalhar direito e começa aquela sensação ruim, aperto no peito e a saudade que nunca vai passar.
Esperamos que, ao mínimo, o motorista pague por todos os crimes que cometeu, por ter fugido sem prestar socorro, deixando até a namorada. Queremos somente justiça, porque a vida do Moa não volta mais e o filho dele não vai ter o privilégio de crescer ao lado do pai.”
Moacir deixou a mãe, Marizete Teresinha Rotta, outra irmã, Maria Helena de Freitas, e um filho, que completou três anos no último dia 31. Além das vítimas sobreviventes, o julgamento contará com a oitiva de dez testemunhas e informantes.
Jornal de Beltrão