Depois da manifestação realizada na terça-feira, 14, em São Jorge D’Oeste, produtores de leite da região Sudoeste formaram uma comissão que vai até Curitiba para discutir com autoridades estaduais e federais melhorias para o setor. Entre os principais pedidos estão a adoção de um preço mínimo para o litro, uma subvenção direta emergencial de R$ 0,30 por litro pelo período de 90 dias e limitações de importações do produto do Mercosul.
Edemar Roos, produtor, listou algumas dificuldades enfrentadas na propriedade. “Precisamos mostrar nossa força aos governantes para criar leis e dar mais segurança jurídica ao produtor de leite. Hoje nós não sabemos quanto vamos ganhar por litro no ato da venda. Só ficamos sabendo quando recebemos o cheque do leite ou a nota fiscal. O preço também é sazonal. Tem produtor ganhando R$ 1,50 e outros até R$ 2,40. Por que isso acontece? Estamos tendo constantes quedas para o produtor, mas no mercado não está baixando. Alguma coisa está errada e precisamos de força política, criar leis para valorizar a entidade. Onde está o furo? Está estourando tudo no produtor. Vamos sentar com as indústrias, com os políticos e mostrar nossa situação, também conhecer a situação deles para chegarmos a um consenso”, disse.
Para ele, agricultores e indústrias devem andar juntos. “Precisamos parar as brigas entre indústria e produtores de leite. As soluções precisam ser buscadas em conjunto e boas para os dois lados. A indústria não pode massacrar o produtor, mas também precisa do seu lucro. Nós queremos produzir, gostamos da atividade, temos amor pelos animais, porque é um trabalho bastante árduo.”
Márcio dos Santos, presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite do Sudoeste do Paraná (Cooprol), destacou que o momento é extremamente complicado. “A fase é bem difícil. O sentimento que temos é de indignação, porque estamos há meses vendo baixa no preço e, para o consumidor, no mercado, não está baixando. A gente está à beira de um caos no setor leiteiro, com muitos produtores abandonando a atividade. Precisamos do governo, principalmente, na fiscalização. Está havendo reidratação do leite em pó? Também já foi comprovado que os países compram de outros países e nos repassam via Mercosul, e isso é uma prática indevida. Então, temos que olhar para o nosso setor”, completou.
A produtora Luziane Maciel Vieira exaltou a boa participação de produtores no movimento. “A gente precisa agradecer quem aderiu ao movimento. Temos uma crise de baixas consecutivas no preço e o que estão pagando pelo litro já está menor que o nosso custo. Esse movimento vem trazer visibilidade a algo maior. Precisamos de um preço mínimo, proibir importação que oferece para a população um leite sem rastreabilidade. Então, mostramos nosso descontentamento e buscamos benefícios para a classe.”
Carlinhos Turatto, prefeito de Dois Vizinhos e presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), pediu apoio do Governo Federal. “Aquele que produz o leite precisa ser valorizado. Se quer fornecer comida e leite barato na mesa para o povo, tem que pagar o justo para quem produz. Não dá para o produtor receber R$ 2 o litro de leite. Isso é vergonhoso. Hoje, uma cerveja custa R$ 10 e o leite R$ 2. Não é comum vermos o leite baixar na saída do inverno. Vamos movimentar o nosso Congresso Federal, Ministério da Agricultura, Secretaria Estadual, porque temos que cobrar. Como entra o leite importado de fora para dar para o nosso povo? É responsabilidade do governo. O agricultor depende disso, é a renda mensal dele. Todo santo dia eles acordam às 4h, tiram o leite, ordenham as vacas, cuidam, tratam e, no final do mês, não conseguem pagar as despesas. Como Amsop, vamos fazer um grande movimento e chamamos os deputados que passam na região para gritar mais alto. Isso depende exclusivamente do Governo Federal. Não adianta gritar que dá comida barata e matar quem produz”, concluiu.
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