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Unimed debate sustentabilidade do sistema em meio à alta dos custos e judicializações

A abertura do evento foi conduzida pela médica Wemilda Fregonese Feltrin, diretora-presidente da Unimed Francisco Beltrão

Unimed debate sustentabilidade do sistema em meio à alta dos custos e judicializações
Foto: Niomar Pereira

No último sábado, 5 de julho, médicos cooperados e colaboradores da Unimed Francisco Beltrão participaram do 22º Conhecer Unimed, evento realizado em alusão ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado sempre no primeiro sábado de julho. A programação incluiu palestra com o diretor administrativo e financeiro da Unimed Paraná, Alexandre Gustavo Bley, e o ato inaugural da ampliação do Centro de Terapias Especiais, que ganhou cinco novas salas.

A abertura do evento foi conduzida pela médica Wemilda Fregonese Feltrin, diretora-presidente da Unimed Francisco Beltrão. Ela destacou os desafios enfrentados pelas cooperativas médicas, especialmente pelas de menor porte. “Estamos há 35 anos, quase 36, e é bem diferente hoje de quem foi o fundador. A trajetória como operadora de saúde mudou muito. Hoje, pelas ingerências e vários fatores que o doutor Bley até comentou, o dia a dia é um desafio. As pequenas Unimeds têm muita dificuldade na sobrevivência”, afirmou.

Ela destacou que a cooperativa local possui cerca de 25.700 beneficiários e que o ano passado foi bastante desafiador até outubro, quando conseguiu encerrar o exercício com saldo positivo. “Esse ano, como todo o sistema no Paraná, temos tido bons resultados, mas os meses mais recentes já mostraram queda. Então, são desafios de gestão, de doenças e, principalmente, de justiça. Hoje, nosso maior problema são medicamentos de alto custo.”

Wemilda explicou que o evento Conhecer Unimed tem como objetivo aproximar os cooperados das ações da cooperativa. “Esse tema foi escolhido porque queremos que todos tenham noção do que é feito. Convidamos o Dr. Bley para falar sobre os desafios da gestão, das cooperativas e da atuação da Unimed como sistema. Hoje temos aqui um grupo bem interessante. Eu já estou numa fase de final de carreira, mas a maioria ainda tem muitos anos de trabalho pela frente, então é preciso pensar no futuro da cooperativa.”

Durante sua palestra, Alexandre Gustavo Bley destacou os impactos das mudanças regulatórias na saúde suplementar. “Houve uma mudança de rota imposta por meio de lei, com a criação de um arcabouço regulatório que não existia antes de 1998. Até então, o mercado se autorregulava, mas a partir da Lei 9.656 e da criação da ANS, passamos a ter regramentos rígidos, com definições sobre tipos de planos, coberturas e protocolos.”

Segundo ele, isso trouxe avanços, mas também criou desafios. “Hoje temos mais de 3 mil procedimentos no rol da ANS. Mas o que mais preocupa é a insegurança jurídica do país e as mudanças constantes nas regras do jogo.”

Bley informou que cerca de 40 mil pessoas da região de Francisco Beltrão têm plano de saúde, sendo 61% com a Unimed. “Acesso à saúde é uma das bases da dignidade do ser humano.”

Ele alertou para o impacto financeiro dos medicamentos de alto custo. “Hoje, 32% dos custos são com materiais e medicamentos, o que mais tem nos afetado. Terapias como Hemgenix (R$ 17 milhões), Elevidys (R$ 15 milhões), Zolgensma (R$ 7 milhões) e Spinraza (R$ 1,5 milhão por ano) impactam diretamente o sistema.”

Bley também chamou atenção para uma mudança recente na legislação que impacta o equilíbrio financeiro das operadoras. Desde que a nova regra entrou em vigor, o rol de procedimentos e tecnologias em saúde pode ser atualizado a cada seis meses pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) — e, nos casos de tratamentos oncológicos, esse intervalo pode ser de apenas quatro meses. “Então, quando você passa o preço do plano, seis meses depois muda-se a regra do jogo e novas tecnologias são incorporadas, mas sem que esse custo adicional tenha sido previsto na precificação. E o reajuste do plano só vem uma vez ao ano”, explicou. Ele apontou que, apenas em 2024, a incorporação de novas tecnologias gerou impacto de R$ 87 milhões, representando um aumento de 9,2% nos custos não previstos.

“Além disso, a sanção de uma lei que obriga o fornecimento de tratamentos fora do rol, desde que exista evidência científica, fez explodir a judicialização. Existe uma indústria de interesses se materializando através de pedidos médicos. Escritórios de advocacia se especializaram em determinados medicamentos, virou um nicho, e por vezes o médico está sendo usado”, alertou.

Outra questão que o diretor destacou foi o modelo mutualista dos planos de saúde. “Não há poupança individual. Os beneficiários de um plano de saúde contribuem para um fundo comum que fica sob a gestão da operadora e é utilizado para cobrir as despesas assistenciais de quem utilizar. Toda vez que onera esse fundo aumentando o custo, exclui-se pessoas do sistema por causa do aumento de preço que precisa ser repassado.”

Para enfrentar esses desafios, a Unimed Paraná tem investido em ações de escala, como compras conjuntas, e estuda a criação da Unimed Prestadora, com o objetivo de reduzir custos e ampliar a eficiência no atendimento.

Ampliação do Centro de Terapias Especiais

A gerente de Saúde da Unimed Francisco Beltrão, Flavia Gindri, apresentou os resultados do Centro de Terapias Especiais, que foi o primeiro serviço próprio da cooperativa. Com a ampliação, o local passou a contar com nove salas e uma equipe multidisciplinar que atende especialidades como Fonoaudiologia (convencional e ABA), Psicologia ABA, Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Psicomotricidade, Psicopedagogia, Psiquiatria e Endocrinologia.

Segundo Flavia, o serviço foi criado para atender beneficiários com transtorno do espectro autista e outras condições que demandam terapias especializadas. “No primeiro mês tivemos 150 atendimentos a 35 beneficiários. Ao longo dos 37 meses de funcionamento, foram 10.611 atendimentos para 110 beneficiários. Atualmente, atendemos 52 pessoas e ainda temos fila de espera. Isso mostra que o serviço foi bem aceito.”

Ela acrescentou que, além da boa aceitação, houve uma redução significativa na judicialização por parte dos beneficiários. “Isso é bom e nos deixa felizes, porque mostra que o serviço foi bem recebido”, completou.

Ascom 

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