Médicos e farmacêuticos emitiram um alerta sobre o uso descontrolado de medicamentos para emagrecimento, especialmente os manipulados de forma irregular e vendidos sem fiscalização adequada.
Nas últimas semanas, o mercado brasileiro passou a contar com um novo medicamento em formato de caneta, com o princípio ativo tirzepatida, que se junta à já conhecida semaglutida. Ambos são indicados para controle de diabetes e obesidade e vêm ganhando popularidade. No entanto, antes mesmo de estarem oficialmente disponíveis em farmácias, versões manipuladas desses remédios já circulavam amplamente, vendidas por farmácias de manipulação, sites e clínicas.
Esses medicamentos ainda estão protegidos por patentes, o que impede a fabricação por outros laboratórios ou a produção de versões genéricas. Segundo os laboratórios detentores das patentes, a comercialização de versões manipuladas configura tanto infração de patente quanto risco sanitário, já que os produtos não passaram por testes de segurança e eficácia exigidos por órgãos reguladores.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que não tem competência para fiscalizar patentes. Como os princípios ativos já foram aprovados em medicamentos no Brasil, sua importação e manipulação são permitidas, desde que sejam feitas por empresas autorizadas. No entanto, não há uma checagem sistemática para verificar se as substâncias importadas realmente correspondem ao que afirmam ser, exceto em fiscalizações específicas.
A Associação da Indústria Farmacêutica (Interfarma) aponta que muitos desses medicamentos manipulados estão sendo fabricados em larga escala, o que é irregular. Legalmente, a manipulação deve ocorrer apenas mediante prescrição personalizada, para atender necessidades específicas de dosagem ou formulação que não são supridas por medicamentos industrializados.
Outro ponto preocupante é que os produtos manipulados não passam por testes laboratoriais de qualidade, pureza e concentração, como ocorre com os medicamentos fabricados industrialmente. Isso pode levar à venda de substâncias ineficazes, contaminadas ou perigosas.
Apesar de a venda desses medicamentos ser permitida apenas em farmácias e drogarias autorizadas, muitas vezes são comercializados por meio de redes sociais, o que aumenta os riscos para os consumidores.
Especialistas da área de obesidade relatam casos de pacientes que utilizaram esses produtos e sofreram efeitos adversos, sem saber exatamente o que estavam consumindo, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento adequado.
A Anfarmag, entidade que representa as farmácias de manipulação, reiterou que os medicamentos manipulados devem ser individualizados e vendidos apenas mediante prescrição médica, e destacou a necessidade de reforço na fiscalização para coibir práticas irregulares.
-----
Portal de Beltrão via G1