Caso o primeiro turno das eleições presidenciais fossem hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 36,8% das intenções de voto, contra 26,8% de Jair Bolsonaro (sem partido). Os dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Instituto Mapa, contratada pelos grupos de comunicação ND, de Santa Catarina, e RIC, do Paraná. O levantamento ouviu 2 mil pessoas com mais de 16 anos, em todas as regiões do Brasil, de 18 a 20 de maio.

A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento foi feito por meio de entrevistas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares.
Pesquisa mostra polarização
O resultado retrata a atual polarização eleitoral no país. Os possíveis adversários de Bolsonaro e Lula obtêm índices distantes dos líderes: Sérgio Moro 5,1%, Ciro Gomes 5%, Luciano Huck 4,5%, João Doria 3,3%, Luiz Mandetta 2,7%, e João Amoêdo 2,6%.
Enquanto isso, os votos brancos/nulos/’nenhum’ chegaram a 5,1%, e os que não opinaram ou indecisos foram 8,4%. Confira:
Em 2022 teremos eleição para presidente. Entre estes possíveis candidatos, em quem você votaria, se a eleição fosse hoje?:

Em um eventual segundo turno, Lula aparece com 51,4% das intenções de voto, ante a 31,5% de Bolsonaro. Enquanto isso, 11,7% das pessoas ouvidas responderam que votariam branco/nulo e 5,5%, não souberam dizer.
Em caso de segundo turno entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva, para qual você daria o seu voto, se a eleição fosse hoje?:

“Estamos entrando na série A [das pesquisas], foi uma pesquisa nacional”, avaliou o presidente do Mapa, José Nazareno Vieira (Zeno). Ele reforçou que o levantamento é baseado em fontes seguras, e muito equilibrado na representatividade proporcional do eleitor brasileiro.
A pesquisa é dividida pelas cinco regiões do país, com os pesos proporcionais dos municípios. “Tudo isso muito atento e muito baseado naquilo que é fonte confiável, e posso dizer: ‘esse é o retrato do momento’. Nosso resultado ratifica os últimos resultados apresentados, tanto com a metodologia presencial quanto por telefone”, comentou.
Rejeição de Bolsonaro ultrapassa 52%
Sobre o índice de rejeição, Bolsonaro apareceu na frente, com 52,2%. Lula ficou em segundo lugar, rejeitado por 28,2% dos entrevistados de todo o Brasil. A pesquisa perguntou “Em qual destes você não votaria de jeito nenhum, qual você rejeita mais?”, com resposta única estimulada. Atrás de Bolsonaro e Lula ficou João Doria, com 4,4% de rejeição, e Ciro Gomes, com 3,9%. Confira:
Lula lidera em três regiões e entre as mulheres
O ex-presidente Lula está à frente em três das cinco regiões do país. O petista lidera no Norte (47,2%), Nordeste (44,8%) e Sudeste (34,6%), sendo que as duas últimas são os maiores colégios eleitorais do país. O presidente Bolsonaro tem maioria do eleitorado no Centro-Oeste (33,1%) e no Sul (31,5%).
Outro ponto da pesquisa aponta que Lula tem a preferência de 39,6% do eleitorado feminino, enquanto Bolsonaro tem a escolha de 19,8%. Entre os eleitores do sexo masculino, há um empate técnico entre os dois principais nomes: Bolsonaro com 34,6% e Lula com 33,6%.
Mulheres são maioria do eleitorado de Lula; homens os de Bolsonaro
Em um eventual segundo turno, a intenção de votos em Lula seria de 45% do eleitorado masculino e 57,1% do feminino. Por outro lado, Bolsonaro teria 39,2% dos votos do eleitor masculino e 24,5% do voto feminino.
Lula lidera em quase todas as faixas de idade, com um empate técnico com Bolsonaro, dentro da margem de erro, entre a população dos 45 a 59 anos. O ex-presidente também tem preferência nos níveis de escolaridade fundamental e médio. Entre os formados em nível superior, há empate técnico entre Lula e o atual presidente.
Lula tem a preferência da população economicamente ativa (35,9%) e não ativa (39,7%), contra 30,4% e 15%, respectivamente, obtidos por Bolsonaro.
Avaliação do governo Bolsonaro
Segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros avalia de forma negativa a gestão do presidente Bolsonaro. Para 55% dos entrevistados, o governo é ruim ou péssimo, enquanto 28,7% se manifestam positivamente, considerando o governo ótimo ou bom.
A melhor avaliação do governo está nas regiões Sul e Centro-Oeste, respectivamente, com 37,4% e 37,1%, que consideram a administração de Bolsonaro ótima e boa. Veja:
Como você avalia a gestão do Presidente Jair Bolsonaro?:

O governo Bolsonaro tem mais aprovação dos eleitores na faixa etária de 25 a 44 anos, com 31% de classificação da gestão como ótima ou boa. Também tem preferência entre a população com nível superior (35,3%) e economicamente ativa (31,7%).
A atuação de Bolsonaro frente à pandemia da Covid-19 foi reprovada pela maioria dos entrevistados. Na avaliação de 57,5%, a atuação foi ruim ou péssima. Apenas 25% consideraram ótima ou boa, e 15,1% dos pesquisados classificaram o combate ao vírus regular. Não souberam opinar 2,5%. Confira:
Como você avalia a atuação do governo Jair Bolsonaro em relação à pandemia COVID-19?:

Terceira via
O presidente do Mapa destaca ainda dois pontos apresentados na pesquisa. Para 42,8% dos entrevistados, a preferência de voto é em um candidato que, durante a pandemia, posicionou-se dando prioridade à saúde, com restrições de várias atividades econômicas. Outros 23,8% optaram pelo candidato que se posicionou priorizando a economia, sem restrições de várias atividades econômicas. Já 33,5% não souberam dizer.
Na eleição para presidente do ano que vem, você prefere votar num candidato que, durante a pandemia:

Em relação à tendência de voto dos brasileiros, 29% afirmaram ser “um eleitor que quer outra opção”, e 20,9% “apoia a maneira de Bolsonaro governar”.
Os posicionamentos por situações mais antagônicas “um eleitor anti-Bolsonaro” e “um eleitor antipetista” atingem respectivos 17,8% e 11,9% de declarações. Não se posicionaram 20,5% dos pesquisados.
“Diante de todos esses extremismos e essa polarização, existe uma margem relativamente importante, que é daqueles que querem outra opção”, analisou Zeno. O presidente do instituto Mapa disse que essa terceira via pode aparece depois.
Atualmente, você votaria principalmente considerando-se:

“Neste período pré-eleitoral é muito difícil acontecer um novo nome. Mas o sentimento é de que os nomes bem situados não são também, de certa forma, de uma parcela muito significativa. A preferência, subjetivamente, coloca uma oportunidade de uma terceira via”, comentou. Ele lembrou a ascensão de Jair Bolsonaro, que nesse período pré-eleitoral não aparecia com força nas pesquisas de intenção de voto.
Situação social do Brasil
Em relação à situação socioeconômica do Brasil, a maioria dos entrevistados não demonstrou otimismo. Eles responderam à seguinte pergunta “Na sua opinião, até o final do ano a situação social e econômica do Brasil vai…”, com resposta única e estimulada. Para 33,4%, a situação vai piorar. Para 30,3%, o cenário socioeconômico não vai mudar. Apenas 24% opinam que vai melhorar, e 12,3% não souberem dizer.
Brasil: 2022 já começou
A realização desta pesquisa, faltando 500 dias para as eleições do ano que vem, faz parte do movimento “Brasil: 2022 já começou”, que une dois dos maiores grupos de comunicação do país, o Grupo ND, em Santa Catarina, e o Grupo RIC, no Paraná, com o objetivo de enriquecer o debate sobre os rumos do Brasil.
O projeto será sustentado por inúmeras ações envolvendo todos os veículos dos grupos de mídia, seus canais de televisão, portais de notícias na internet, jornal, revistas e emissoras de rádios.
“Nossa intenção é ainda mais específica: contribuir para corrigir um vício que, há décadas, caracteriza as eleições brasileiras, ou seja, a discussão política focada excessivamente em nomes e, raramente, em projetos e planos para o futuro do país. Temos a convicção de que, quando a sociedade aceita, passivamente, uma disputa eleitoral focada apenas sobre candidatos, e não sobre seus planos e visão para o Brasil, perdemos todos. E perdemos muito. Infelizmente, estamos prestes a cair, novamente, nessa agenda pobre e superficial”, diz o trecho do manifesto assinado pelos dois grupos.
No manifesto, o Grupo ND e o Grupo RIC enaltecem que é dever de todos os meios de comunicação provocar um debate mais sólido, aprofundado e inteligente sobre qual país os brasileiros querem e merecem.
“Aqui, quem manda é o otimismo, a pauta positiva e a vontade de fazer o bem, o que é certo, através de um comportamento editorial responsável, equilibrado e justo. Cobramos e questionamos tudo o que precisa ser cobrado e questionado. Mas fazemos isso sem rancor e sem amargura, com ética e bom senso, buscando, sempre, ajudar a construir um país melhor para todos. Se você é brasileiro, aceite nosso convite e seja o personagem principal desse grande debate de ideias”, finaliza.