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Política -
19/05/2021 01:05
O ex-ministro da Saúde presta depoimento à comissão nesta quarta-feira (19/5) e criticou o Renan Calheiros (MDB-AL) sobre pergunta de negociações da vacina
O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se irritou com os questionamentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado Federal. Ele provocou uma discussão entre senadores após criticar o relator Renan Calheiros (MDB-AL), que questionou o processo de negociação das vacinas com a Pfizer.
Eduardo Pazuello disse à CPI que respondeu todas as tratativas de vacina com a empresa farmacêutica. Depoimentos anteriores na comissão, como o próprio Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual presidente regional da empresa na América Latina, certificaram que não houve respostas às propostas da Pfizer até dezembro de 2020.
“Por que vossa excelência não tomou o comando e o protagonismo dessa negociação com a Pfizer?”, questionou o relator Renan Calheiros. “Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, sou o decisor. Não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo e não o ministro. Um ministro jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso”, respondeu Pazuello, causando um descontentamento do relator e do presidente da CPI.
Pazuello continua: “Um ministro não pode receber empresas, não pode fazer negociação com empresa. Eu recebo o presidente da Pfizer socialmente junto com a administração. Mas a negociação é feita no nível da equipe de negociação”, afirmou. “Quem decidiu por não responder às propostas da Pfizer?”, insistiu o Calheiros.
O ex-ministro criticou o relator: “Eu acho que o senhor precisa compreender a pergunta que o senhor fez. Todo mundo tá compreendendo que eu não respondi, foram respondidas dezenas de vezes. O senhor me desculpe, mas acho que está conduzindo a conversa”, atacou.
Senadores governistas integrantes da comissão concordaram com o depoente e criticaram o relator. No entanto, o presidente saiu em defesa de Renan Calheiros: “Você [senador] pode questionar o relator, mas a pessoa que está sentada aqui não tem esse direito”, ressaltou Omar Aziz.
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) entrou na discussão para defender Pazuello. “O relator tenta induzir, ele perguntou várias vezes a mesma coisa de forma diferente para tentar induzir o depoente a produzir uma resposta, que é a que ele quer. Ele não tem o direito de fazer isso”, afirmou.
A discussão se alastrou para outros senadores até que Renan Calheiros deu prosseguimento com as perguntas ao ex-ministro.
Sucessor de Teich e antecessor de Queiroga no Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello seria ouvido em 5 de maio, seguindo a linha do tempo do comando da pasta, mas alegou que estava em isolamento após contato com pessoas com suspeitas de COVID-19.
A CPI da COVID, instalada no Senado em 27 de abril deste ano, apura possíveis ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus e repasses de verbas a estados e municípios. Os depoimentos tiveram início em 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde.
No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no cargo, depôs. Na quinta-feira (6/5), foi a vez de Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde, prestar depoimento. Terça-feira (11/5), o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, depôs.
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo federal, foi ouvido pelos senadores na quarta-feira (12/5), seguido de Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual presidente regional da empresa na América Latina que prestou depoimento na CPI na quinta-feira (13/5).
Nesta semana, a CPI deu início às oitivas com o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nessa terça-feira (18/5).