Neste sábado, às 20h, o Espaço da Arte será palco de histórias femininas que atravessam o tempo. “A tecelã”, segunda produção do Grupo Musicena, entrelaça relatos de mulheres do Sudoeste dos anos 1950 e 1960 à mitologia de Penélope, da Grécia Antiga. Com um enredo envolvente e momentos de leveza, a peça conduz a plateia por uma viagem intensa.
A montagem começou a ser costurada ainda no segundo semestre de 2023, a partir de conversas com dois grupos de estudos da Unioeste de Francisco Beltrão: o Grupo de Estudos Etno-culturais e o Grupo de Pesquisa Corpo, Gênero e Diversidade.
Eu, como um dos diretores e roteirista – sob o pseudônimo de Aneda, digo que foi nesses encontros que percebemos que a mulher precisava ser o eixo norteador do espetáculo. Além da história de Penélope – que vive à espera do seu amado Ulisses – e dos relatos das mulheres do Sudoeste do Paraná, o roteiro traz letras de Chico Buarque inseridas nos diálogos dos personagens, costurando diferentes perspectivas sobre a mulher na sociedade. A tecelã é vivida pela atriz Jane Paloschi, que define o papel como um desafio complexo e que exige delicadeza:
A sonoplastia de A tecelã é inteiramente autoral, criada por Hari Baldo, Beto Eyng e Jean Andrade. Mais do que ambientar e costurar cenas, ela assume o papel de narradora: conta histórias mesmo sem palavras e mesclando o uso convencional de vozes e instrumentos com ruídos de objetos cotidianos. Assim, misturara-se violão, panela de pressão, flautas, galhos secos – “vale tudo para contar uma história através da música”, resume um dos músicos. Tatiane Silva executa a operação de som durante o espetáculo, tecendo cena e sonoplastia com precisão.
Luiz César, que interpreta o Industrial e Telêmaco, diz que “são vários elementos pra trabalhar a construção da personagem” e que o desafio é “fazê-los funcionar em harmonia, tornando-os naturais”. Camila Jansson conta que suas personagens – Esposa, Rita e Bia – foram inspiradas em mulheres reais e “por serem histórias de mulheres que existiram e passaram por muita coisa na vida, sinto-me muito orgulhosa em poder mostrar, em cena, que elas existiram e aprender que, às vezes, a força está na coragem”. Já Iza Benin, atriz que interpreta o Banqueiro, o Prefeito e o Bispo, afirma que foi necessário criar os personagens de modo que fossem muito diferentes um do outro – em voz, em corpo e em atitude – para que, além da plateia, ela mesma conseguisse executar as mudanças de um para o outro rapidamente.
Criado em 2020 como um grupo de extensão universitária da Unioeste de Francisco Beltrão, o Musicena estreou em 2022 seu primeiro espetáculo, Prometeu Acorrentado, que circulou por cidades do Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina em seis apresentações. A tecelã também foi encenada uma vez em 2024, na Unioeste, mas a saída de parte do elenco exigiu uma readaptação. Hoje, a trupe conta com sete integrantes ativos. Para 2026, Beto Eyng – que além de atuar, dirige a peça e coordena o grupo – adianta os próximos passos do Musicena:
Ainda em setembro deste ano, o grupo começará os estudos de mesa para a montagem de um novo espetáculo, homenageando Jaider Esbell, ativista indígena que fez sua passagem em 2021 e deixou um legado importante para se pensar a arte contemporânea. Essa peça deverá estrear no segundo semestre de 2026, ano em que A tecelã será apresentada em outras cidades, com destaque para o II Circuito Universitário da Unioeste, em Foz do Iguaçu.
A tecelã tem entrada gratuita e classificação livre. Nesta temporada, o espetáculo passará, ainda, pela Semana Acadêmica do Curso de Pedagogia da Unioeste do campus de Francisco Beltrão (10 de setembro) e na mostra de teatro da cidade de’ Dois Vizinhos (25 de setembro).
Serviço
Espetáculo: A tecelã
Direção: Beto Eyng e Jean Andrade
Grupo: Musicena
• 16 de agosto, 20h – Teatro Municipal Eunice Sartori (Espaço da Arte), Francisco Beltrão
• 10 de setembro – Auditório Carlos Maes (Unioeste), Francisco Beltrão – PR
• 25 de setembro – Dois Vizinhos – PR
Ingressos: Gratuitos
Classificação: Livre
Instagram: @grupomusicena