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Cidade paranaense destruída por tornado liderou desmatamento da Mata Atlântica no Brasil por três décadas, indica levantamento

Segundo o MapBiomas, Rio Bonito do Iguaçu perdeu quase 60% de sua vegetação natural entre 1985 e 2000. Cidade que ficou 90% destruída após tornado F4. Sete pessoas morreram.

Cidade paranaense destruída por tornado liderou desmatamento da Mata Atlântica no Brasil por três décadas, indica levantamento
Foto: Henrique Cabral

A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro do Paraná, acumula um histórico de perda acelerada de cobertura florestal e figurou como o município que mais desmatou a Mata Atlântica no Brasil entre 1985 e 2000, de acordo com dados do MapBiomas, sistema de monitoramento e validação de alertas de desmatamento.

Somente nesse período, 24,9 mil hectares de floresta foram suprimidos, área superior à metade do território de Curitiba. Entre 2000 e 2024, outros 497 hectares desapareceram, o equivalente a quase 800 campos de futebol. Imagens de satélite evidenciam a rápida transformação da paisagem ao longo das décadas.

Em 1984, uma extensa faixa de floresta ainda ocupava a margem direita do Rio Iguaçu. Atualmente, restam apenas fragmentos isolados, concentrados em topos de morros e estreitas áreas de preservação ao longo dos cursos d’água.

De um lado, em 1985, a região de Rio Bonito do Iguaçu mantinha uma área grande de floresta. Do outro, em 2020, é possível notar que praticamente toda a área vende foi desmatada. — Foto: Google Earth

O cenário de degradação ambiental ganhou ainda mais atenção após o município ser atingido por um tornado de categoria F4, no dia 7 de novembro, que deixou sete mortos, centenas de feridos e destruiu cerca de 90% da área urbana. À época, especialistas já alertavam que a ausência de florestas torna as cidades mais vulneráveis a eventos climáticos extremos.

Outro levantamento, da ONG SOS Mata Atlântica, aponta que cerca de 60% da vegetação nativa de Rio Bonito do Iguaçu foi perdida nas últimas três décadas. Para o representante da entidade, Luís Fernando Guedes, a redução da cobertura florestal compromete a capacidade da paisagem de absorver a energia dos ventos.

“Regiões com menos floresta ficam mais suscetíveis aos impactos de eventos extremos. Se houvesse maior cobertura vegetal, parte da energia do tornado poderia ter sido dissipada, reduzindo os danos”, explica.

O climatologista Francisco Mendonça, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que tornados e outros fenômenos severos têm se tornado mais frequentes e intensos no estado, impulsionados pelo desmatamento e pelo aquecimento das águas oceânicas.

“As matas funcionam como um anteparo natural contra os ventos. Sem elas, os fenômenos se formam mais rapidamente, ganham força e atingem áreas urbanas com maior intensidade”, destaca.

Segundo estudos da pesquisadora Maria Cristina Pietrovski, entre 2018 e 2023, a Região Sul registrou 92 tornados, número superior ao das demais regiões do país. Desses, 17 ocorreram no Paraná.

RPC

O estado já enfrentou episódios semelhantes em outras décadas. Em 1997, um tornado em Nova Laranjeiras deixou quatro mortos e 72 feridos. Mais recentemente, em novembro de 2015, ventos superiores a 115 km/h atingiram Marechal Cândido Rondon, no Oeste do estado.

Além do debate ambiental, a tragédia em Rio Bonito do Iguaçu reacende a discussão sobre a necessidade de cidades resilientes, capazes de se preparar, enfrentar e se recuperar de desastres climáticos.

Para o pesquisador Eduardo Gomes Pinheiro, da PUCPR, o planejamento urbano ainda ignora essa realidade. “A resiliência precisa orientar todas as etapas do ciclo do desastre, da prevenção à recuperação. Isso deveria estar no centro do planejamento urbano”, afirma.

Segundo a Defesa Civil, mais de mil moradores ficaram desabrigados após o tornado. Como resposta emergencial, o Governo do Paraná iniciou a construção de 320 casas pré-fabricadas. Destas, 200 serão erguidas nos terrenos atingidos e 120 em um novo bairro. As obras começaram em 17 de novembro e devem ser concluídas em cerca de dois meses.

Portal de Beltrão com informações G1

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