O setor de indústrias de confecções no Sudoeste do Paraná remonta aos primeiros alfaiates e alfaiatarias. A partir dos alfaiates que atuavam nas décadas de 1960 e 1970 é que surgiram as primeiras indústrias de confecções em Francisco Beltrão (Raffer), Ampére (Krindges), Dois Vizinhos (Latreille), entre outras. O legado dos alfaiates acabou se tornando uma tendência na região, que hoje se destaca principalmente pela produção de moda masculina – 90% da produção.
Nos últimos anos, no entanto, as indústrias estão diversificando suas linhas de produção, atuando também nos segmentos jovem e casual. O segmento se tornou o quarto mais importante no Estado e o segundo na indústria de transformação no Sudoeste.
Hoje, o segmento conta com 313 indústrias de pequeno, médio e grande portes. Porém, são 212 CNPJs ativos. Há 40 anos havia apenas 23 dessas unidades fabris. Há indústrias em pelo menos 15 municípios do Sudoeste do Paraná. Mas a atividade se destaca principalmente com mais indústrias nos municípios de Ampére, Capanema, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Marmeleiro, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste e Santo Antônio do Sudoeste.
As indústrias com marca própria somam 35%, de facção 55% – destinam sua produção para outras indústrias ou redes de varejo brasileiras – e as private labor são 10% – aquelas que produzem a marca de terceiros.
As indústrias do Sudoeste fabricam, em maior quantidade, calças (jeans, sarja e social), bermudas e camisas, além de blazer e paletós/ternos.
Apesar de todos os percalços da economia brasileira e das importações de produtos de outros países, as indústrias de confecções do Sudoeste representam 15% do setor no Paraná. Nos últimos quatro a cinco anos o crescimento médio do segmento se manteve na faixa de 5%. O segmento de confecções também é importante gerador de empregos, com uma média de 7.500 vagas/ano e correspondendo a cerca de 14% do setor industrial da região.
As empresas que mais geram empregos em confecções são as de Ampére, com uma média de 1.225 postos de trabalho, e de Santo Antônio do Sudoeste, com 1.084 vagas.
Mulheres são maioria
As mulheres são maioria nas indústrias de confecções. Nos últimos anos, devido à escassez de mão de obra, as empresas estão investindo em mais equipamentos automatizados nos segmentos de corte, passadoria, lavanderia e acabamento das peças. A fase seguinte à automação será a inclusão da inteligência artificial (IA) no sistema de produção.
APL e Sinvespar contribuiram para dar impulso ao setor
Com a implantação do Arranjo Produtivo Local (APL) da Moda Masculina, no começo da primeira década do novo século, muitas empresas conseguiram melhorar seus sistemas de gestão e produção. A criação do Sindicato das Indústrias de Confecções do Sudoeste do Paraná (Sinvespar), em 1992, em Francisco Beltrão, ajudou a dar um impulso no segmento e assessoria às empresas e empresários.
Parte dos produtos fabricados na região são comercializados pelas lojas do Sudoeste, mas a maioria é destinada a outras empresas de várias regiões brasileiras e até para o exterior. A produção anual de peças está estimada em 8.700.000, sem distinção de tipos de produtos que são fabricados.
Uma região que produz muitos produtos da moda masculina
A região Sudoeste é reconhecida como Arranjo Produtivo Local Moda Masculina (90% produção/vendas). Por isso, tornou-se a principal produtora no Sul do Brasil e uma dos principais do Brasil em ternos, atualmente comercializados por quatro indústrias de pequeno e médio porte.
Segundo o último estudo realizado pelo Sindicato das Indústrias de Confecções do Sudoeste do Paraná (Sinvespar), 65% dos produtos fabricados na região têm como principal canal de distribuição o mercado atacadista (lojas multimarcas).
Este mercado está dividido entre todas as regiões do Brasil, destacando-se a região Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e os estados do Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
As vendas on-line – e-commerce – apresentam pequena expansão, através de marketplace e com as lojas virtuais próprias (menos de 2%).
A produção sudoestina, de algumas indústrias, já está chegando a outros países. No Paraguai há venda e distribuição direta por duas empresas e indiretamente através de distribuidores na fronteira (Foz Iguaçu) com três empresas.
Em menor escala ocorrem vendas para o Uruguai e outra marca da região tem distribuição nos outros três países do Mercosul.
Até meados dos anos 2000, as indústrias especializadas em terceirização tinham como foco 80% da capacidade produzida destinadas para o Estado de São Paulo. Porém, com o crescimento das indústrias que produzem marcas próprias e pela excelência em qualidade na costura e acabamento, esse percentual se inverteu, sendo o principal mercado a própria região e para Santa Catarina (moda malha, camisaria e jeans).
No sistema de private labor há indústrias do Sudoeste que produzem para grandes cadeias de redes de varejo. Inclusive, neste segmento, há empresas que detêm concessão de grandes marcas esportivas.
Jornal de Beltrão