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Milei completa 100 dias de governo

Milei completa 100 dias de governo
Foto: Reprodução / YouTube

Javier Milei completou nesta segunda-feira (18) cem dias na presidência da Argentina. Nesse período, ele usou as redes sociais de forma frenética e fez um forte ajuste fiscal com corte de despesas. Seu estilo confrontador e a altíssima inflação, em parte herdada do governo anterior, tornaram mais tenso o clima político e social no país.

Ao mesmo tempo, o novo presidente reconstruiu as reservas argentinas e alcançou um superávit fiscal sem precedentes. O principal lema dos cem primeiros dias foi "no hay plata" (não há grana), justificativa para o corte de gastos e a restrição de subsídios para tirar as contas públicas do vermelho.

"[Os cem primeiros dias] trouxeram bons resultados para a economia. Ele [Milei] conseguiu conter a hiperinflação, [que ficou] bem abaixo do projetado", avaliou economista Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP).

Superávit sem precedentes

Nestes cem dias, Milei reconstruiu as reservas brutas do Banco Central e alcançou um superávit financeiro em janeiro e fevereiro, algo sem precedentes desde o início de 2011.

"Há um ordenamento", disse a economista independente Marina Dal Poggetto em entrevista recente. "A estabilização está funcionando ainda melhor do que se imaginava inicialmente, mas há questões sobre a governabilidade."

Milei busca agora reunir fundos de US$ 15 bilhões (R$ 74,8 bilhões) com o FMI e entidades privadas para eliminar os controles cambiais em meados do ano, o que deu origem a vários tipos de dólar.

"As pessoas sabem que estamos passando por um momento muito difícil, mas estão começando a ver uma saída", disse o presidente à Rádio La Red.

Tensão social

O outro lado deste "ordenamento" é a tensão social alimentada por demissões, aumentos de preços e aumentos nas tarifas dos serviços públicos devido à remoção de subsídios.

Os medicamentos aumentaram 40 pontos percentuais a mais que a inflação geral, o que provocou uma enorme queda nas vendas. Isso fez com que muitas pessoas abandonassem seus tratamentos crônicos.

"Entre comer e comprar o remédio, as pessoas escolhem comer", disse à agência de notícias AFP a farmacêutica Marcela López, em Buenos Aires.

Em fevereiro, enquanto se debatia a lei "ómnibus", milhares de pessoas protestaram em frente ao Congresso e foram reprimidas pela polícia.

Também houve protestos quando a entrega de alimentos a quase 40 mil cozinhas comunitárias foi suspensa, em um momento em que a pobreza afeta quase 60% da população. O objetivo, segundo o governo, é auditar o sistema e prestar assistência direta.

Os cortes afetaram também o orçamento das universidades, o apoio estatal ao cinema e à pesquisa em ciência e tecnologia.

O presidente se mantém firme nas pesquisas de opinião, que colocam sua popularidade perto dos 50%, e habituou os argentinos ao seu estilo excêntrico: governa e acusa seus opositores de traição na rede social X, cita o livro bíblico dos Macabeus e fala de sua equipe como "As Forças do Céu".

Relações internacionais

Como parte do ajuste, Milei voa em linhas comerciais com uma comitiva reduzida.

Foi assim que chegou em janeiro a Davos, a sua estreia internacional, onde intrigou a elite econômica mundial ao alertar que "o Ocidente está em perigo" e ao criticar a justiça social e o "feminismo radical".

Apesar das trocas de elogios com Donald Trump, a quem ele admira, e com o Papa Francisco, com quem se reconciliou-, as relações exteriores não têm sido uma prioridade para Milei, exceto quando suspendeu a adesão da Argentina ao bloco dos Brics.

Outra exceção é sua relação com Israel, para onde o presidente viajou para mostrar a sua proximidade com o país e o seu interesse espiritual pelo judaísmo.

Diego Giacomini, que co-escreveu quatro livros de economia com Milei, disse à rádio que seu agora ex-amigo "acredita ter uma missão divina" que "consiste em transformar a Argentina e levá-la à filosofia do Número Um, que é Deus, o liberalismo; e tirá-la da filosofia de Satanás, que é o socialismo".

Derrotas no congresso

O plano de Milei para desregulamentar a economia argentina iria ser concretizado por duas leis:

Um "decretaço", uma espécie de medida provisória, que revoga ou modifica mais de 300 normas da administração pública argentina.

Um projeto de lei batizado de lei "ómnibus", que em sua versão original continha mais de 600 artigos.

Os dois projetos sofreram derrotas no Congresso, onde o partido de Milei é minoria. A lei "ómnibus" foi retirada de pauta na Câmara dos Deputados, e o megadecreto foi rejeitado no Senado (o texto ainda está em vigor até ser votado pelos deputados).

Milei mantém boa popularidade: uma pesquisa da Opina Argentina apontou que ele tem imagem positiva para 52% dos entrevistados; o índice está estável desde o início do mandato, em dezembro.

Essas derrotas no Legislativos, no entanto, mostram que o presidente não conseguiu usar sua popularidade para forçar os deputados e senadores a votarem como ele quer e nem negociar com o Legislativo.

"Milei está escolhendo a estratégia do confronto, e isso não funciona bem nem na Argentina, nem no Brasil, nem em nenhum lugar. Ele está se impondo agora, mas logo terá que ceder", afirmou Troster.

"Milei gostaria de promover o seu projeto político e econômico a 100 km por hora, mas a velocidade de cruzeiro do governo é muito menor", disse Carlos Malamud, principal pesquisador do Real Instituto Elcano.

Agora o seu programa está nas mãos dos deputados, que devem revisar uma versão diluída da lei "ómnibus" e tomar a decisão final sobre o "decretaço", que permanece em vigor a menos que seja rejeitado também na Câmara dos Deputados.

Mas mesmo se o texto for aprovado, há processos na Justiça que questionam a constitucionalidade da medida. O consultor político Carlos Fara disse que na Justiça, boa parte do decretaço "está mortalmente ferida".

G1

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