Por July Ioris
Janaina Griziela Sganzerla Chiapetti nasceu no dia 21 de setembro de 1980 em Florianópolis, SC. Filha de laci Veronica Sganzerla e Adelar Antonio Queiroz Machado, casada com o advogado Fernando Luiz Chiapetti e mãe de Lorenzo de 15 anos e Davi de 12 anos. Jana venceu o câncer e hoje no dia do seu aniversário nos conta um pouco de sua história de superação.
Aos 10 anos sua mãe decidiu vir morar em Francisco Beltrão para ficar mais perto dos avós maternos, Natelmo Sganzerla (in Memorian) e Elza Sganzerla e aqui estão há mais de 30 anos. Jana fez faculdade de Ciências Econômicas na Unioeste e duas pós-graduações na Unipar. Durante quase 20 anos trabalhou no sistema Bancário, hoje é funcionária pública na prefeitura de Francisco Beltrão.
A vida seguia normalmente até que aos 38 anos tudo virou de ‘cabeça pra baixo’. “Encontrei um nódulo no meu seio, fizemos uma primeira biopsia, e o resultado foi benigno. Mas com o tempo, o nódulo continuou crescendo, e optamos por retirar, então tivemos uma surpresa: era Maligno. Foi um dos piores momentos da minha vida, a única coisa que conseguia pensar é que iria morrer”, relata Janaina.
Ela pensou nos filhos, quem cuidaria dos meninos? Sentiu raiva do mundo, não conseguia entender porquê isso estava acontecendo. “Eu não conseguia entender, briguei com o cara lá de cima, eu não bebo, não fumo, estou sempre praticando atividades físicas, amamentei meus filhos, não tenho caso da doença na família e tinha menos de 40 anos; todos os prognósticos para não ter. Mas não teve jeito, o “bicho” estava ali. Então tive que voltar para a sala de cirurgia agora para retirada de todo quadrante até axila. Até hoje me lembro do medo que senti, eu achei que não sobreviveria. Chamei meu esposo e me despedi. Quando lembro me emociono, pedi para ele cuidar das crianças e esperar um tempo pra casar de novo, se não, eu vinha incomodar ele (risos)”, desabafa Jana.
Ela tinha duas opções enfrentar ou desistir. Jana conta que se não tivesse perdido os cabelos talvez não tivesse contado pra ninguém, mas com a quimioterapia eles caíram e ela teve que ir contando aos poucos para os amigos. “A quimioterapia, para quem não sabe, é tipo um soro que você demora de 4 a 5 horas para tomar. Durante esse tempo que ficamos no “soro”, a impressão que se tem é que a morte fica circulando no corredor do hospital esperando quem será o próximo. E Sim, ficaram alguns conhecidos pelo caminho. Uma tristeza imensa tomava conta da gente, mas por outro lado, a gente ainda estava ali e t
ínhamos que continuar lutando”, enfatiza Jana.
Ela não se afastou do trabalho e tentou levar a vida mais normal possível. Sua mãe morava com ela na épo
ca e junto com seu esposo deram todo o suporte que Janaina precisou com a casa e com as crianças. Sempre muito elegante e com estilo, enfrentando um momento tão difícil, Jana não descuidou da aparência e enfrentou com muita força e garra. “Eu tenho uma rede de amigos inacreditável, me ajudaram muito na recuperação, lenços? Ganhei dezenas - eu praticamente tinha de todas as cores e formatos. Não me adaptei à peruca, então o negócio foi assumir a careca mesmo, assumir a careca foi libertador. Claro, tinha dias que eu não queria levantar da cama, tinha dias, que eu achava que não sairia viva do Ceonc. Tinha dias que eu cansava, mas na maioria dos outros, eu acordava, procurava um lenço que combinasse com minha roupa, me maquiava, e agradecia por mais um dia de vida”, conta Janaina.
Ela diz ainda que ninguém a olhava com piedade, todos a tratavam normalmente e ela afirma que isso foi fundamental. “Sempre fui uma mulher vaidosa, mas acho que fiquei ainda mais, assumi o cabelo curto e nunca em momento algum deixei de usar salto. De alguma maneira me sentia empoderada, forte, determinada”, diz Jana.
E foi assim que ela enfrentou, um dia de cada vez foi quase um ano de tratamento, quatro quimioterapias vermelhas, 12 brancas, e mais 30 sessões de radioterapia. “No primeiro dia da Expobel em 2020 tirei o lenço, uma das melhores sensações da vida. Depois de passada a raiva foi procurar ajuda espiritual; Psicológica, constelação familiar, Reiki e também, muito ‘joelho dobrado’ em honra a Nossa Senhora, decidi que queria viver. Hoje olho no espelho e me acho mais bonita, mais completa, mais madura. Em uma das minhas constantes buscas por respostas, alguém me disse: ‘você ainda vai agradecer essa doença’; eu pensava como? Jamais isso iria acontecer. Mas hoje passados dois anos do final do tratamento aprendi a agradecer por tudo que foi vivido. Conheci pessoas incríveis, recebi tanto carinho e tantas orações, que em momento nenhum eu poderia rejeitar viver. Ganhei apoio de todos que me cercavam”, conta emocionada Janaina.
Ela conta que o que a curou foi o tratamento aqui em Beltrão e poder ficar perto da família e amigos, além de estar amparada por excelentes profissionais e um dos melhores tratamento do país, trabalhar normalmente, manter a vida social, rezar, acreditar, procurar ajudar, se alimentar muito bem e principalmente querer muito viver. “Tudo isso junto e muito amor envolvido me fizeram superar. Até hoje não aprendi a lidar muito com a morte, mas sei que ela está ali. a gente nunca sabe quando “ela” vai chegar, então temos que apenas viver como se cada dia fosse o último, pois um dia será”, finaliza Janaina.