Esta quinta-feira (26) é considerada chave na tentativa da Polícia Civil em remontar o quebra-cabeça envolvendo o trágico acidente de balão que matou oito pessoas em Praia Grande, no Extremo Sul de Santa Catarina. Pela primeira vez, os peritos da Polícia Científica ouviram o relato completo de tudo que viveu o piloto, Elves de Bem Crescêncio, desde a decolagem, a tentativa de apagar o incêndio e a queda.
Também foram encontrados novos vestígios e periciados equipamentos utilizados no balão. Conforme apurado pela reportagem, não foi realizada a reprodução simulada dos fatos, já que esse método é usado quando há confronto de versões das testemunhas, o que não aconteceu.
O delegado responsável pelo inquérito, Rafael de Chiara, da Delegacia de Polícia Civil de Santa Rosa do Sul e de Praia Grande, afirma que o trabalho realizado hoje pode ser conclusivo para o fechamento do caso, mas que será necessário aguardar os laudos da Polícia Científica.
“Para a gente conseguir concluir, de fato, vamos ter que aguardar o laudo para ver se corrobora o que a gente colheu até o momento. Caso seja necessário outras diligências, faremos”, explica o investigador sobre a queda de balão em Praia Grande.
Após extintor, investigadores encontram maçarico usado no balão que caiu em Praia Grande
O trabalho realizado ao longo desta quinta-feira contou ativamente com a participação de peritos oficiais da Polícia Científica, com equipe de localística e de engenharia forense. A frente do setor de localística é para verificar as condições de materialidade e dinâmica e a eventual responsabilidade criminal dos envolvidos. Já o setor de engenharia forense tenta identificar as causas que deram início ao incêndio.
Neste quebra-cabeça, a investigação sobre a queda de balão em Praia Grande entende como crucial o encontro do maçarico durante buscas em uma propriedade próxima de onde o acidente aconteceu. Essa peça pode ter causado o acidente.
“Depois do acidente a gente fez uma pesquisa dos possíveis locais onde podia ter vestígios relacionados com o acidente. Com apoio da Polícia Civil, foi encontrado esse vestígio importante, que é um maçarico. Essa era uma peça importante que nós estávamos buscando”, relata o perito criminal Joel Eron Freitas.
Piloto conta detalhes do que aconteceu
Após a busca por vestígios, os policiais se deslocaram até a empresa responsável pelo voo, onde os peritos ouviram pela primeira vez o relato completo do piloto Elves de Bem Crescêncio sobre a queda de balão em Praia Grande. Isso dá subsídios para entender a dinâmica do acidente.
“Fizemos uma conversa com o piloto para entender os fatos desde a decolagem até o momento da queda, para entender como ocorreu a tentativa de extinção das chamas. Então a perícia de hoje está em andamento, ela não tem nada ainda concluído definitivamente”, esclarece o perito.
Em um último momento do dia, as equipes da Polícia Civil e da Polícia Científica estiveram na Secretaria de Obras da Prefeitura de Praia Grande, para onde os destroços do balão e o cesto foram levados. Nos próximos dias serão realizados os exames periciais, com análise tanto das imagens, como dos vestígios. Também serão realizados exames complementares de bancada do extintor e do maçarico.
Outro ponto importante é que a perícia não consegue precisar ainda se as pessoas pularam do balão ou se foram ejetadas durante a tentativa de pouso forçado.
O laudo pericial tem prazo de dez dias para ser concluído, porém, diante da complexidade e da necessidade de novos exames periciais, o prazo está suspenso e só terá andamento quando os demais exames estiverem concluídos.
Estima-se que sejam necessários cerca de 30 dias para se obter uma conclusão definitiva sobre a queda de balão em Praia Grande a partir do material coletado nesta quinta-feira.
Em outra frente da investigação, a Polícia Civil já ouviu todos os sobreviventes, o piloto, o gestor da empresa responsável pela fabricação do balão e funcionários da empresa responsável pelos voos.
Entre os envolvidos nos trabalhos investigativos de hoje, estiveram o perito Gelson Neri Prudêncio, do núcleo regional de perícias de Araranguá, e o delegado regional de Araranguá, Diego de Haro.
